30 janeiro, 2007

Algodão e Melancolia

Começa pela tradução da palavra. “Blues” quer dizer melancolia no jeito peculiar de falar dos habitantes do delta do rio Mississipi, berço do ritmo. E melancólicas são as raízes do blues. Ele começou a surgir em agosto de 1619, quando o primeiro navio negreiro atraca na costa-americana. Nos porões, negros arrancados à força da África para o trabalho forçado em lavouras de algodão, tabaco e milho nas cercanias de New Orleans, nos estados de Alabama, Mississipi, Lousiana e Georgia.
No espírito dos desafortunados escravos, uma profunda saudade do que ficou para trás e uma rica cultura folclórica amordaçada. Mas a musicalidade latente dos africanos não tardaria a se manifestar. Aos poucos, surgem as “work songs”, verdadeiros lamentos melódicos, entoados pelos negros na árdua tarefa de plantar e colher os produtos da terra. Enquanto uma voz entoava um verso, os outros trabalhadores faziam o coro. No início, nas línguas nativas: fon, bantu e yorubá; com o passar do tempo, uma mescla de palavras de dialetos africanos e inglês, incorporado na convivência com os fazendeiros da região. Tudo a capela, de uma froma primitiva mas não menos visceral, sentimental e sempre rítmica. É a primeira manifestação musical dos negros na América que começavam a erguer com o sacrifício da liberdade perdida em pontos diferentes da África. A Guerra da Secessão, vencida pelo norte, representa a liberdade para os negros escravos do sul em 1865. Nessa época, em New Orleans havia cinco negros para cada quatro brancos. Muitos desses negros são netos e bisnetos dos pioneiros escravos. Os recém libertos também cantam e tocam, com a diferença de pelo menos um século de assimilação da cultura branca. Começa a surgir assim a figura do blueseiro, ainda com um banjo em lugar da guitarra. Como o blues é uma música vocal por natureza, em sua versão instrumental o ritmo exige instrumentos de habilidade vocal, capazes de “imitar” a voz humana. E nada melhor para se obter este efeito do que a técnica de “knife-song”, de deslizar sobre as cordas do violão uma placa metálica para se obter um som lamurioso, que mais parece um gemido humano. Assim a guitarra acústica desbanca o banjo e passa a frequentar os braços, mãos & dedos dos blueseiros. Instrumentos de percussão de origem africana como o djambè e harmônica, com sua versatilidade, complementam o kit básico do blues primordial, que não dispensa a interpretação, o sentimento absoluto no cantar.
A esta altura as canções já não são apenas lamentos, mas também bravatas, histórias de rixas terminadas com filetes de sangue manchando de vermelho as lâminas de navalhas, de mulheres conquistadas, de corações despedeçados. Agora o inglês prepondera sobre os dialetos africanos nas letras e o blues já é uma música americana, feita por negros e cada vez mais amada pelos brancos. Chega o rádio, o gramofone, o show-business. Surgem cantoras como Bessie Smith e guitarristas blueseiros como Ottis Redding. E isso tudo é só o começo de uma longa história regada a paixão pela música e litros e mais litros de Jack Daniels.





29 janeiro, 2007

Caricaturas do blues 02


Caricatura de John Lee Hooker feita por Bira Dantas em homenagem a morte de Hooker em 2001.

26 janeiro, 2007

John Lee Hooker

John Lee Hooker, nascido em 22 de agosto de 1917, em Clarksdale, no Mississippi (como não podia deixar de ser) foi um dos maiores músicos de blues de todos os tempos, famoso por seu blues estilo "boogie" e seu modo de cantar falado. Foi o décimo primeiro filho de uma família de agricultores e cresceu ouvindo músicas religiosas, por influência da família.
Em 1921 seus pais se divorciaram e sua mãe se casou novamente com William Moore, que era um cantor de blues e foi quem lhe ensinou as primeiras noções de como tocar.
Will Moore tocava às vezes com Charley Patton quando ele se apresentava nas redondezas de Clarksdale. Blind Lemom Jefferson e Blind Blacke sempre visitavam Moore para fazerem um som e essa experiência foi significativa para o blues entrar de vez na vida do jovem Hooker.
John Lee Hooker seguiu os passos de seu padastro e começou a tocar em festivais pelo país.
Em 1943 se mudou para Michigan, em Detroit, onde trabalhou numa fábrica de automóveis para se sustentar. Mesmo assim era um freqüentador assíduo da Hasting Street, o coração da música e da cultura negra na zona leste de Detroit. Uma vez ali, Hooker deu vida à sua vocação de músico de blues, com seu estilo rural de falar, muitas vezes errado, cru e elegante ao mesmo tempo, cadenciado por um inconfundível vocal boogie-riff.
Sua carreira começou de verdade em 1948 quando alcançou o sucesso com seu compacto "Boogie Chillen". Como os estúdios na década de 50 sempre pagavam pouco aos artistas negros, Hooker ia de estúdio em estúdio, sempre propondo novas músicas ou variações de alguma já existente. E como esses estúdios não aceitavam ter o mesmo artista, ele usava diferentes nomes, como John Lee Booker, Johnny Hooker ou John Cooker. Suas primeiras gravações foram feitas sob a supervisão de Bernie Besman. John Lee Hooker tocou com um estilo totalmente livre e improvisado, e muito raramente mantinha um ritmo padrão: as mudanças de tempo eram quase que uma regra.
Somente nos anos 60 veio a sua consagração com o grande público, impulsionada principalmente pela turnê feita através da Grã Bretanha em 1963, onde ele se apresentou junto com vários grupos de rock de lá. Em 1980 ele fez uma aparição e cantou no filme musical "Blues Brothers". Outro destaque de sua carreira aconteceu em 1989, quando se juntou à diversos astros convidados, incluindo Keith Richards e Carlos Santana, para a gravação do álbum "The Healer", que acabaria ganhando um Grammy.
Em 2001 teve alguns problemas de doença antes de uma turnê européia e morreu logo em seguida, aos 83 anos de idade. Hooker gravou mais de 100 álbuns e viveu os últimos anos de sua vida em São Francisco, onde era dono de um clube noturno chamado "Boom Boom Room", nome este inspirado em um de seus maiores sucessos.

Fonte: Wikipédia







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John Lee Hooker: Boom boom
Clássico maior de Hooker. Essa música está sempre presente no repertório da banda Sun Walk & The Dog Brothers, daqui de Ribeirão Preto. Totalmente excelente!


John Lee Hooker - Hobo Blues
Clipe tirado do American Folk Blues Festival. Muito boa essa música também, e o melhor é que está legendada.



John Lee Hooker & Santana - The Healer
Clipe bem no estilão da MTV, coisa que na minha opinião não combina nada com blues. Apesar dessa música ter ganhado um Grammy, eu não gosto muito. Mas fica o registro.



John Lee Hooker - Maudie
Esse sim é o verdadeiro blues. Clipe de 1960, no Newport Jazz Festival. Reparem na platéia, sentada confortavelmente em cadeiras de praia, tomando sol e ouvindo os maiores artistas de blues da história. Povo de sorte...



John Lee Hooker - One bourbon, one scotch, one beer
Mais um clipe ao estilo MTV, mas dessa vez a música vale a pena. Esse foi um dos últimos clipes de Hooker.

25 janeiro, 2007

Caricaturas do blues 01

Navegando pela net sem compromisso, encontrei o blog de um cara chamado Bira Dantas, que faz ilustrações e caricaturas. E além de ótimo desenhista, ainda é um amante do blues. Ele tem várias caricaturas bem legais de artistas de blues. Vou inaugurar aqui uma série postagens com caricaturas, ilustrações e desenhos relacionados ao blues, não só de Bira Dantas mas de outros desenhistas também. Como o último post foi do Lightnin Hopkins, a primeira caricatura é dele. Aguardem, pois novas caricaturas virão.

Lightnin´ Hopkins

Samuel Hopkins nasceu na pequena fazenda de sua família, em Centerville, Texas, em 1912. Apesar da vida interiorana o pequeno Sam teve o prazer de assistir Blind Lemmon Jefferson, o maior cantor de blues da época, com apenas 10 anos de idade. Ao perceber que o garoto havia ficado impressionado com sua performance, Jefferson disse para ele: "If you wanna play it, you gotta play it right boy" (se você quiser tocar, precisa tocar direito garoto). Foi o dia em que Sam descobriu sua vocação. Pelo menos é essa história que Sam Lightnin´ Hopkins gosta de contar sobre o início de sua fantástica carreira. Depois ele veio a trabalhar durante um tempo como guia de Blind Lemom. Ele começou tocando com seus irmãos, os músicos de blues John Henry e Joel. Já no meio da década de 20 ele começou a pegar carona em trens, jogar dados e a tocar seus blues, onde quer que estivesse.
Na sua adolescência, Hopkins começou a trabalhar com outro grande cantor: Texas Alexander. Na metade da década de 30 ele ficou preso na "Houston Contry Prision Farm", mas depois de solto ele retornou ao circuito do blues. Em 1946 ele entrou pela primeira vez em estúdio, para gravar pela Aladdin Records. No estúdio havia um pianista chamado Wilson Thunder (trovão) Smith, que foi quem batizou Sam Hopkins como Lightnin (raio). Esse álbum foi descrito como "downbeat solo blues", característica do estilo de Hopkins.
Ele gravou vários disco entre 1946 e 1954, mas eles só fizeram sucesso entre a comunidade negra. Isso até 1959, quando Hopkins começou a trabalhar com o lendário produtor Sam Chambers, que fez sua música chegar até o público branco.
No início da décade de 60 ele tocou no Carnegie Hall e em 1964 saiu em turnê com o American Folk Blues Festival. No fim dos anos 60 ele abriu para várias bandas de rock, como Grateful Dead e Jefferson Airplane. Durante os anos 70 ele fez turnê pela Europa, chegando a tocar para a Rainha Elizabeth II. Em 72 ele trabalhou na trilha sonora do filme "Sounder" e também foi o centro de um documentário chamado "The Blues According to Lightnin' Hopkins", vencedor de um prêmio no Chicago Film Festival.
Seus maiores sucesso são "Short Haired Women / Big Mama Jump!" (1947); "Shotgun Blues" ficou em 5º lugar na Billboard em 1950;"Penitentiary Blues" (1959) e "Mojo Hand" (1960).
Lightnin Hopkins morreu de câncer no esôfago no dia 30 de janeiro de 1982. Em seu enterro estiveram mais de 4000 pessoas, incluindo fãs e outros artistas. Sua influência ainda foi sentida por muitos anos pelo mundo da música.

Fonte: The Handbook of Texas


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Parte 01........................Parte 02



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*Discos pegos no blog Telhados do Mundo.

24 janeiro, 2007

Mojo Hand

No blues existem muitas expressões que são comumente usadas por vários artistas, como "mojo" ou "woke up this morning" ou "going down to" algum lugar. E quando eu digo comumente, estou falando sério. Veja essa comparação de uma estrofe de várias músicas gravadas por diferentes artistas em diferentes épocas:





Going to the Louisiana bottom to get me a hoodoo hand
Going to the Louisiana bottom to get me a hoodoo hand
Gotta stop these women from taking my man.
(Louisiana Hoo Doo Blues, Ma Rainey, 1925)

I'm going to Louisiana, to get myself a mojo hand
I'm going to Louisiana, to get myself a mojo hand
'Cause these backbiting women are trying to take my man
(Mojo Hand Blues, Ida Cox, 1927)

I'm going to Louisiana, get me a mojo hand
I'm going to Louisiana, get me a mojo hand
Just to see when my woman got another man
(Tell Me Woman Blues, Texas Alexander, 1928)

Lord, I'm goin' to Louisiana, I'll get me a mojo hand I say,
I'm going to Louisiana, I'll get me a hoodoo hand
I'm gonna stop my woman an' fix her so she can't have another man
(Two Strings Blues, Little Hat Jones, 1929)

I'm goin to New Orleans to get this toby fixed of mine
I'm goin to New Orleans to get this toby fixed of mine
I am havin' trouble, trouble; I can't keep from cryin'
(Spider's Nest Blues, Hattie Hart (MJB), 1930)

I'm going down in New Orleans, hmmmh, get me a mojo hand
I'm going down in New Orleans, get me a mojo hand
I'm gonna show all you good looking women, just how to treat your man
(Louisiana Blues, Muddy Waters, 1950)

Now, I'm goin' down to Louisiana an' get me a mojo hand
My little woman she done quit me for some other man
(Hoodoo Man Blues, Junior Wells, 1953)

I'm goin' to Louisiana, and get me a mojo hand
I'm goin' to Louisiana, and get me a mojo hand
I'm gonna fix my woman so she can't have no other man
(Mojo Hand, Lightning Hopkins, 1960)

Então lembre-se: quando for fazer um blues, não se esqueça do "mojo hand".

Se quiser saber mais sobre "mojo" acesse o ótimo blog do meu amigo Marcus:
http://bluesmasters.blogspot.com/2006/08/mojo-uma-breve-explicao.html

23 janeiro, 2007

A Capital Brasileira do Blues

O mês de agosto é considerado o mês do blues no Brasil e tudo começou por causa do maior festival de blues já realizado no país: I Festival Internacional de Blues. Esse festival foi realizado em maio de 1989 na Cava do Bosque, com a presença de figuras como Buddy Guy, Junior Wells e Magic Slim. A partir daí a cidade conquistou o título de "Capital Brasileira do Blues”. Eu era apenas um garoto, muito provavelmente mais interessado em Jaspion e Changeman do que em blues. Mas sinto uma profunda tristeza em saber que esses grandes nomes passaram por aqui e eu não tive a oportunidade de ver seus shows.
Em 1990 o festival foi transferido para São Paulo, mas em 1993 volta para Ribeirão, agora com o nome de "Sesc n' Blues". E passa a acontecer todos os anos, menos em 94 e 96, mas a partir de 97 ele vira uma tradição da cidade.
Em 2006 ele ocorreu através de uma parceria entre o Sesc de Ribeirão Preto e de Bauru, reduzindo assim as despesas com as atrações. E elas foram: Big Time Sarah, Phil Guy (irmão de Buddy Guy), Bruce Ewan, Lancaster, Flávio Naves, Bruce Ewan, André Christovam Trio, Fernando Noronha, Black Soul, Blue Jeans , Greg Wilson e Banda, Eddie King e Irmandade do Blues, em 3 dias de apresenações.
Nesse festival tive a oportunidade de tirar uma foto ao lado de Phil Guy, fato que só ocorreu depois de tomar várias cervejas e alguma outra bebida que me foi oferecida por um cara que eu conheci lá mesmo, chamado Fuzzato. O que eu me lembro bem foi a bronca de Big Time Sarah (olhem a cara dela, no canto direito da foto), por ter subido no palco no decorrer da música, fato que desencadeou uma vaia geral das pessoas presentes. E até hoje eu não sei se foram direcionadas para mim, por ter subido no palco, ou se foram para ela, por ter interrompido a música para me falar algo como: "don't put your feets in my stage, your bastard!" ou quase isso.
Mas esse festival também foi marcante por ser a primeira vez que tive contato com algumas excelentes bandas nacionais. Bandas que realmente tocam um blues profissional. Com tempo ainda espero postar algo dessas bandas aqui no Blues Everyday. E que venha o "Sesc n' Blues 2007"!

Fonte: Livrevista

22 janeiro, 2007

Son House

Deve haver algo de especial nas águas do rio Mississippi, principalmente na altura do Delta, pois num raio de pouco mais de 20 milhas nasceram os maiores bluesmen da história. John Lee Hooker, Muddy Waters, Howlin' Wolf. Todos vieram dessa região. De lá também é Son House, ou Eddie James House Jr, nascido em 21 de março de 1902 na cidade de Riverton, no Mississippi.
House cresceu no meio religioso e se tornou crente da religião Batista. Aos 15 anos já pregava nas ruas sonhando em ser pastor. Ele trabalhou nas plantações de algodão e também como engraxate. E se vangloriava por ter Louis Armstrong como um de seus clientes habituais.
Na primeira metade da década de 20 Son House morou e trabalhou em diversos lugares pelos estados de Louisiana, Illinois, Tennessee e Misouri, voltando depois para Leon onde passou a pregar na Colored Methodist Episcopal Church. Mesmo assim se vê obrigado a voltar para as plantações de algodão para se sustentar, o que o deprime e faz com que comece a beber.
Certa noite em um bar da cidade de Mattson, aos 21 anos de idade e já pastor, Son House assiste a Willie Wilson, um bluesman do sul do Mississippi tocando e ganhando uns trocados. Willie usa uma garrafinha de remédio no dedo anular da mão esquerda, estilo conhecido como bottleneck, e desperta o interesse de House pelo violão. Pouco tempo depois, agora em outro bar, Son House conhece Rubin Lacy, que também fazia uns trocados tocando seus blues nesse bar. Os dois conversaram e com a devida autorização de Lacy, House tenta tocar violão pela primeira vez. Mal tocado, é sua voz que inspira as poucas pessoas presentes a deixar alguns trocados para ele que bêbado canta com mais potência e convicção do que a maioria dos que se apresentavam por aquelas bandas.
Com seu aprendizado de ler pautas de canto religioso, Son House logo aprende a tocar e compra um violão velho e quebrado que Rubin Lacy o ajuda a consertar e afinar. Ele logo percebe que pode se sustentar com muito menos trabalho cantando em festas e bares. E é assim que vive de 1922 a 1928, na região de Robinsville, perto de Leon. E são estes os dois pólos, o divino representado pelos gospel e o profano representado pelo blues, o centro do seu dilema interno.
Certa vez em Leon, House se meteu numa briga que rapidamente virou um tiroteio. Son House havia baleado e morto seu oponente, sendo imediatamente preso. O crime foi considerado legítima defesa mas mesmo assim ele ficou dois anos na penitenciária de Parchment Farm, em Clarksdale.
Depois de sair da cadeia ele abandona de vez as aspirações religioas e passa a viver como músico de blues andarilho, pegando carona escondido em trens. Nessas viagens ele conhece Charlie Patton, uma das maiores figuras do blues naquele momento, que abriu as portas da gravadora Paramount Records em Grafton, Wisconsin. Ele então gravou dez faixas. Consta que essa remessa de discos em 78 rpm, pela falta de investimento, foi prensada com a pior e mais barata maquinaria disponível, de forma que mesmo novo o disco já apresentava ruídos e chiados. Ainda assim, estas gravações demonstram tanto Son House tocando bem seu violão, como também sua voz intimidadora, descrita por alguns como 'demoníaca', tamanha força e ressonância, certamente adquirida nos seus tempos em que pregava como pastor.
Ele passou então a excursionar por Mississippi e Tennessee acompanhado de seu amigo Willie Brown e seguido por um tempo por um adolescente chamado Robert Johnson. Porém após a morte de Willie, Son House perdeu o gosto pela coisa. Ele dizia que ninguém estava realmente interessado pelo blues e desistiu da carreira. Se mudou com a mulher para Rochester e só em 1964 foi encontrado por um grupo de pesquisadores e amantes do blues. Eles garantiram que havia público para o blues e ele voltou a tocar e se apresentar. Regravou vários de seus antigos sucessos de bar para o selo Blue Goose em Washington DC, ainda em 1964, e no ano seguinte em Nova York, para Columbia. Faixas como "Death Letter Blues," "Preachin' Blues" e "Grinnin' In Your Face", que embora tendo Son House passado seu auge, ainda deixam uma forte impressão no ouvinte.
Em 1971 sua saúde começou a declinar e suas excursões internacionais e pelo país cessaram praticamente por completo. Passou a morar na cidade de Búfalo no estado de Nova York onde permaneceu pelos próximos cinco anos. Son House foi diagnosticado primeiro com Alzheimer, o que afetou sua memória para lembrar as canções e como tocá-las. Ainda assim, encontrou forças para participar do Toronto Island Blues Festival de 1974, no Canadá. É sua última apresentação ao vivo conhecida. House se mudou em 1976 para a cidade de Detroit onde verificou-se que ele havia também contraído Parkinson, e suas mãos agora sacudiam tanto que ele teve que abandonar o violão de vez. Son House foi inserido no Blues Foundation's Hall of Fame em 1980. Levado ao Harper Hospital em 1987 por causa de um câncer na laringe, o mestre Son House faleceu no hospital dia 19 de outubro de 1988.
Fonte: Whiplash


Para download:

Son House - Library Of Congress
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Son House - Father of the Delta Blues
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Son House - Sometimes I wish
Nessa música é possível perceber como ele canta os seus lamentos. Gosto do jeito primitivo dele tocar o violão.

19 janeiro, 2007

Howlin' Wolf

Esse é um dos meus artistas favoritos, que fazia o verdadeiro blues de raiz. Chester Arthur Burnett , mais conhecido como Howlin' Wolf nasceu em White Station, perto de West Point no Mississippi em 10 de junho de 1910. Quando jovem tinha o apelido de Pé Grande (Big Foot) devido ao seu enorme tamanho.
Durante a difícil infância ele apanhou muito. Sua mãe, muito religiosa, o jogou pra fora de casa por se recusar a trabalhar na fazenda quando ainda era apenas uma criança. Quando tinha 13 anos ele andou 75 milhas a pé para encontrar seu pai, onde finalmente encontrou um lar feliz. No auge do sucesso ele retornou de Chicago para sua cidade a fim de reencontrar sua mãe, mas ela recusou qualquer dinheiro ou ajuda dele, alegando que ele tocava "música do diabo".
Trabalhou no campo durante a década de 30, vindo a servir no exército americano na Segunda Guerra.
Wolf aprendeu a tocar guitarra com Charley Patton e Sonny Boy Williamson (Rice Miller) o ensinou a tocar gaita. Suas primeiras gravações são de 1951, quando assinou simultaneamente com Leonard Chess, da Chess Records e com os irmãos Bihari da Modern Records. A Chess lançou o disco "How Many Years" em agosto de 1951 e ele gravou pela Modern entre o fim de 51 e o início de 52. Posteriormente a Chess iria a vencer a guerra pelo cantor e Wolf viria a se estabelecer em Chicago, Illinois. Começou então a tocar com Hubert Sumlin (na foto, ao lado de Wolf), guitarrista que com seus solos viria a completar a voz forte de Wolf.
No meio dos anos 50 ele lançou as músicas "Evil" e "Smokestack Lightinin". Ambas viraram hits clássicos do blues / R&B.
Wolf lançou em 1962 o álbum "Howlin' Wolf", um dos mais famosos e influentes álbuns de blues já lançados, conhecido pela ilustração na capa, de um violão encostado numa cadeira de balanço. Em 1965 ele apareceu num programa de tv chamado Shindig junto com os Roling Stones.
Em 1971, Wolf e seu guitarrista de longa data Hubert viajaram a Londres para gravar o álbum "Howlin' Wolf London Sessions LP". Vários artistas de blues/rock britânicos da época tocaram ao lado de Wolf nesse álbum, como Eric Clapton, Ian Stewart, Bill Wyman e Charlie Watts. Ele gravou seu último álbum pela Chess Records em 1973, chamado "The Back Door Wolf".
Ao contrário de muitos outros artistas de blues da época, depois de passar uma infância pobre e iniciar na carreira musical, Wolf sempre foi bem sucedido financeiramente. Ele dizia que era o único homem que foi do Delta pra Chicago dirigindo seu próprio carro e com quatro mil dólares no bolso.
No alto de seus 1,98 m e 130 Kg, ficou marcado como uma das mais graves e memoráveis vozes entre todos os clássicos cantores de blues da década de 50. Howlin' Wolf, Sonny Boy Williamson, Little Walter e Muddy Waters freqüentemente são apontados como os maiores artistas de blues que gravaram pela Chess Records em Chicago. Em 2004 a revista Roling Stone colocou Wolf em 51º lugar na sua lista dos "100 Maiores Artistas de Todos os Tempos".
Ele morreu em 10 de janeiro de 1976 e foi enterrado no Oak Ridge Cemetery, em Hillside, Cook County, Illinois e em sua lápide tem a imagem de um violão e de uma harmônica.




Howlin' Wolf no programa Shindig
Nesse vídeo dá pra ter noção da estatura de Wolf. Era um cara enorme mesmo! A graita fica pequena na mão dele.



Howlin' Wolf - Shake It For Me
Uma das melhores músicas dele na minha opnião. Nesse vídeo além de seu fiel escudeiro Hubert Sumlin, ainda temos Willie Dixon no baixo, Cliftons James na bateria e Sunnyland Slim no piano, a banda clássica do Americand Folk Blues Festival. Perfeito!




Howlin' Wolf - May I Have a Talk With You
Video gravado no mesmo local do anterior. Excelente música onde Wolf mostra o significado da expressão "feel the blues".Queria ter oportunidade de beber do mesmo whisky que ele bebeu.




Howlin' Wolf - Evil
Vídeo colorido, onde Howlin' Wolf está mais comportado, mas com a mesma alegria de sempre.

Bo Didley

Quando eu acordei essa manhã (when I woke up this morning!), me dirigi ao banheiro e no caminho uma música começou a tocar em minha mente: "Diddley daddy". Então resolvi fazer a postagem de hoje a Bo Diddley, que com sua guitarra quadrada canta a música citada acima.
Diddley nasceu em 30 de dezembro de 1928, em uma fazenda entre McComb e Magnolia, no Mississippi, perto da fronteira do estado de Louisiana, com o nome de Ellas Otha Bates. A mãe, Ethel Wilson, o entregou para ser adotado e criado pela família McDaniels, de quem herda o sobrenome. Os McDaniels se mudaram para Chicago em 1934, onde Ellas pode estudar violino na Ebenezer Baptist Church, tornando-se músico da orquestra da igreja até 1946. Durante a fase de garoto, muito travesso e brigão, que ele ganhou o seu apelido de Bo Diddley. "Bo", corruptela de boy (menino) e "diddley", que em inglês significa enganar ou prejudicar, daria a idéia então de um garoto enganador ou travesso, apelido dado pelos colegas de escola. Bo fez amizade e passou a tocar com Earl Hooker, primo de John Lee Hooker. Earl então apresentou a música de seu parente famoso a Bo e este então abandonou definitivamente a música clássica pelo rhythm’n’blues. Bo acabou formando uma banda em 1943 com Joe Leon "Jody" Williams na guitarra e mais Roosevelt Jackson em um baixo feito de vassoura e uma bacia de latão. Chamavam-se de The Hipsters, mudando depois para The Langley Avenue Jive Cats e tocavam nas calçadas por trocados jogados pelos pedestres.
Depois de quase uma década se exibindo nas ruas, Bo Diddley em 1951, finalmente teve a oportunidade de poder tocar em um casa, o 708 Club. Apresentações com boa recepção atraíram um convite para gravar uma demo com duas de suas composições, "Uncle John" e "I'm A Man". Somente em 1955 Bo conseguiria fisgar o interesse de alguém ligado a uma gravadora, os irmãos Leonard e Phil Chess, donos da Chess Records. Duas músicas foram regravadas no dia 2 de março, sendo lançadas na primavera como o compacto "Bo Diddley"/"I'm A Man". "Bo Diddley" foi direto para o nº1. Na canção "Bo Diddley", Bo utilizou tremolo, fuzz e efeitos com feedback, que nunca foram pensados antes. Somente Jimi Hendrix, mais de uma década depois, iria voltar a experimentar com a proposta e evoluir a técnica. Em "I'm A Man" Diddley criou um riff de blues devastador, com uma gaita que incita inesgotável combustão.
Em suas apresentações ao vivo, forjara uma imagem de selvagem e ameaçador, enquanto pulava e dançava, vestido todo em couro preto, cinto com fivela gigantesca e um chapéu de cowboy imenso na cabeça. Um visual que seria repetido em um momento ou outro na carreira de gente como Jim Morrison, Elvis Presley, Lou Reed e os rappers Run DMC.
Bo Diddley é o primeiro em diversas frentes. Não só o primeiro a ter uma guitarrista mulher na banda mas o primeiro a utilizar um modelo alternativo para sua guitarra, com o intuito de ter uma marca pessoal - sua imediatamente famosa guitarra quadrada. Bo tirou o braço e todos os circuitos da sua guitarra Gretsch e colocou-as no corpo quadrado que ele mesmo construiu. Batizou-a de Big B.
Bo é também um dos precursores a tocar a guitarra entre as pernas, pelas costas ou com os dentes. O primeiro a utilizar amplificadores com distorção e desenvolver a técnica de utilizar tremolos e reverb para modular e alterar o som, ou, como ele diria, "fazer a guitarra falar".
Vários artistas gravariam suas versões das canções de Diddley através dos anos. Os Animals gravaram "The Story of Bo Diddley", os Yardbirds "I'm a Man" e tanto os Woolies quanto George Thorogood alcançaram sucesso com "Who Do You Love", também a favorita dos The Doors. Até Eric Clapton incluiu em seu Unplugged MTV a música "Before you accuse me".
O Rock 'n' Roll Hall Of Fame incluiu a canção "Bo Diddley" como sendo oficialmente uma das 500 canções que ajudaram a moldar o rock 'n' roll.
Apresentando-se ao vivo até hoje, Bo Diddley, em seus mais de 47 anos de carreira, tem um legado e uma reputação que lhe garantem respeito como um dos mais criativos e singulares talentos do Século XX.

18 janeiro, 2007

Num hotel em San Antonio

No quarto de um hotel de segunda, em San Antonio, Texas, o garoto negro, alto, magro e elegante senta-se voltado para a parede, um enorme microfone à sua frente, o violão de aço National-Steel sobre o joelho. Um fio corre pelo chão de madeira até o outro quartinho, onde, concentrados, atentos, maravilhados, dois homens brancos de meia-idade manipulam pesados gravadores de rolo. Faz frio, uma fria noite de novembro de 1936. Olhos fechados, o garoto toca - alguém na sala de controle comenta que não é possível: deve haver mais alguém com ele no quarto. Como é que estamos ouvindo acompanhamento e solo ao mesmo tempo? Mais que isso - que tristeza, que tristeza infinita, que doçura angustiada nessas cordas. O garoto canta, uma voz aguda e ligeiramente fanhosa, e a primeira impressão é de transe, trânsito, fuga, como capturar o vento. Depois, abre-se um universo escuro, um poço das mais absolutas paixões - cada blue é curto, curto, dois minutos e pouco, cantado com quem perseguisse ou fosse perseguido. Nem amor, nem desejo, nem desespero: um pouco de cada uma dessas emoções e mais alguma outra coisa, alguma coisa que remonta à mais básica humanidade, fatalidade, destino, morte.

O garoto é Robert Johnson, 25 ano, nascido (presumivelmente) no vilarejo de Hazelhürst, Mississipi. Os homens são o pesquisador John Hammond e o então diretor artístico da gravadora Columbia, Don Law. O que eles estão gravando é a primeira parte do único registro da obra do virtual do cristalizador do blues moderno; um ano depois, num "estúdio" improvisado no galpão de um prédio em Dallas, Texas, Hammond e Law fariam uma segunda sessão. Quando, cinco meses depois, Hammond desceu de Nova York ao Sul em busca de Johnson para um grande concerto de blues programado para o Carnegie Hall, voltou apenas com a notícia: ele morrera em circunstâncias misteriosas, aos 27 anos, possivelmente assassinado por veneno, por alguma amante vingativa ou por algum marido ciumento. Isso é blues, baby.

Os dois LPs obtidos dessas sessões são, até hoje, os mais importantes discos de blues que existem, álbuns de cabeceira de Eric Clapton, Jimmy Page, Jeff Beck, John Mayall, Pete Townshend, Ron Wood, Keith Richards, Mick Jagger, Elvis Costello, Nick Cave. Neles estão blues gravados infinitas vezes por artistas contemporâneos - "Love in Vain", "Crossroads Blues", "Terraplane Blues", "Me and the Devil Blues", "Ramblin on My Mind", "Stop Breaking Down". Estão neles, também, dezenas de licks - fraseados solistas da guitarra - e riffs - séries de compassos rítmicos -, copiados nota a nota, milhares de vezes, por dúzias de músicos de blues, de jazz, de heavy metal, de rhythm'n'blues, de rock de todas as tendências. E está nesses discos, sobretudo, uma das poesias mais intensas e ousadas da história da cultura popular internacional. Clichê algum descreve a negra lira de Robert Johnson: não se trata de "lamento de raça", não se trata de "hino da salvação", não se trata de "lirismo popular". Trata-se de um mergulho sem amarras nos mais escuros desvãos da alma humana, lá onde mora o verdadeiro devil, o que comercia com as paixões, propõe negócios irremediáveis e não aceita tréguas. Havia uma lenda, já durante o tempo em que Johnson vivia, de que ele teria feito um "pacto com o diabo" em troca de seu notável talento com a música e sucesso com as mulheres. Vista de outro ângulo, a lenda vive: era com seu mais íntimo diabo, aquele que o mundo branco das leis e das normas trata de suprimir, que ele dialogava em seus blues.

E em seus blues resume-se sua biografia. Robert Johnson nasceu, amou, tocou, morreu. No espaço de 27 anos. Nos dois minutos de um blues.

Ana Maria Bahiana

Fonte: Show Bizz


17 janeiro, 2007

B.B. King

Riley B. King, mais conhecido como B.B. King, nasceu em 16 de setembro de 1925 em Itta Bena, perto de Indianola no Mississippi. Começou sua carreira tocando na rua para ganhar alguns trocados, ainda em sua cidade natal. No ano de 1947, partia para Memphis, no Tennessee, cidade onde se cruzavam todos os músicos importantes do Sul e que sustentava uma vasta e competitiva comunidade musical em que todos os estilos musicais negros eram ouvidos. Nomes como Django Reinhardt, Blind Lemon Jefferson, Lonnie Johnson, Charlie Christian e T-Bone Walker tornaram-se ídolos de B.B. King.
"Num sábado à noite ouvi uma guitarra elétrica... /...era T-Bone Walker interpretando "Stormy Monday" e foi o som mais belo que alguma vez ouvi na minha vida."- recorda B.B. King. "Foi o que realmente me levou a querer tocar Blues".
A primeira grande oportunidade da sua carreira surgiu em 1948, quando atuou no programa de rádio de Sonny Boy Wiliamson, na estação KWEM, de Memphis. King precisava de um nome artístico para a Rádio. Então começou por ser "BEALE STREET BLUES", foi abreviado para "BLUES BOY KING" e eventualmente para B.B.KING. Por mera coincidência, o nome de KING já incluía a simples inicial "B", que não correspondia a qualquer abreviatura.
Pouco depois do sucesso "THREE O’CLOCK BLUES", em 1951, B.B.King começou a fazer turnês nacionais sem parar,atingindo uma média de 275 concertos/ano. Só em 1956 B.B. e a sua banda fizeram 342 concertos! Dos pequenos cafés, teatros de "gueto", salões de dança, clubes de jazz e de rock, grandes hotéis e recintos para concertos sinfónicos aos mais prestigiados recintos nacionais e internacionais, B.B. King se tornou rapidamente o mais conceituado músico de Blues dos últimos 40 anos, desenvolvendo um dos mais prontamente identificáveis estilos musicais de guitarra. O seu estilo foi inspirador para muitos guitarristas: MIKE BLOOMFIELD, ALBERT COLLINS, BUDDY GUY, FREDDY KING, JIMI HENDRIX, OTIS RUSH, JOHNNY WINTER, ALBERT KING, ERIC CLAPTON, GEORGE HARRISON e JEFF BECK foram apenas alguns dos que seguiram a sua técnica como modelo. BB King era considerado o melhor guitarrista do mundo por Jimi Hendrix. Uma vez ao perguntaram a John Lennon sobre sua maior ambição, ele disse que era tocar guitarra como B.B. King.
Ao longo dos anos tem sido agraciado com diversos " Grammy Awards": melhor desempenho vocal masculino de Rhythm & Blues, em 1970, com "THE THRILL IS GONE",melhor gravação étnica ou tradicional, em 1981, com "THERE MUST BE A BETTER WORLD SOMEWHERE", melhor gravação de Blues tradicionais, em 1983, com "BLUES’N JAZZ" e em 1985 com "MY GUITAR SINGS THE BLUES". Em 1970, "INDIANOPOLA MISSISIPI SEEDS" concede-lhe o "Grammy" de melhor capa de álbum. A Gibson Guitar Co. nomeou-o "Embaixador das guitarras GIBSON no Mundo" - quem poderia desempenhar melhor este papel?
Uma das imagens de marca de King é chamar às sua guitarras o nome de "Lucille" - uma tradição que vem desde a década de 1950. No inverno de 1949, King se apresentou num salão de dança em Twist, no Arkansas. Com o intuito de aquecer o salão, acendeu-se um barril com querosene no centro do salão, prática muito comum na época. Durante a apresentação, dois homens começaram a brigar e entornaram o barril que imediatamente espalhou chamas por todo o lado. Durante a evacuação, já fora do estabelecimento, King percebeu que tinha deixado a sua guitarra de 30 dólares no edifício em chamas. Voltou ao edifício em chamas para reaver a sua Gibson acústica, escapando por um triz. Duas pessoas morreram no fogo. No dia seguinte, soube que os dois homens tinham começado a briga devido a uma mulher chamada Lucille. A partir daí, passou a designar as suas guitarras por esse nome, para "se lembrar de nunca mais fazer uma coisa daquelas."
Agora em 2007 ele volta aos palcos para uma turnê americana de aniversário. Apesar de sofrer de diabetes crônica e dos rins - por isso precisa se apresentar sempre sentado -, não consegue se imaginar longe dos palcos. "Tenho uma doença que acho que pode ser contagiosa", disse ele, enquanto se acomodava no luxuoso ônibus em que viaja em suas turnês, antes de completar: "chama-se 'querer mais'". Mas King também continua porque acredita ser a melhor maneira de fazer ouvir sua música. "Com exceção da rádio via satélite, hoje não ouço blues na rádio", se queixou. "Assim, uma razão pela qual viajo muito é para poder levar a música para as pessoas".
King leva orgulhosamente no peito a Medalha Presidencial da Liberdade, o maior reconhecimento civil nos Estados Unidos, que recebeu no ano passado.
"Eu me pergunto como souberam meu nome, como sabiam de mim", disse, modesto. "Sabia que nas Forças Armadas, se você faz algo especial te dão um Coração Púrpura. Mas não sabia que existia algo similar para os civis. Foi uma honra maravilhosa", ressaltou.

Fontes: Wikipédia / Terra





BB King - Beat Club 1969 - Heartbreaker
Muito estranha a abertura desse programa "Beat Club". Estranho também é ver King jovem e com alguns quilos a menos.



B.B. King on Gleason's Jazz Casual
Outro vídeo clássico, de 1968, num programa de tv chamado "Ralph Gleason's Jazz Casual". Nessa época B.B. King já carregava o título de "King of the Blues".



B.B. King - The Thrill Is Gone
Aqui só tem fera. B.B King toca seu maior clássico, acompanhado de Eric Clapton na guitarra e Phil Collins na bateria. Com direito a solo de gaita. Simplesmente incrível.



B.B. King - Eyesight to the blind
Outro encontro memorável, que com certeza o Big Bento Boy vai pirar. Aqui King toca num show de tv, acompanhado de ninguém menos que David Gilmour. Só vendo...

Álbuns completos:
B.B. King & Jimi Hendrix - The Kings Jam
BB King-Woke up this Morning

B.B. King - Lucille

15 janeiro, 2007

Robert Johnson - The King of the Delta Blues Singers

Robert Leroy Johnson nasceu em 1911, em Hazlehurst, Mississipi, berço do blues americano e é um dos músicos mais influentes do Mississippi Delta Blues.É também uma importante referência para a padronização do consagrado formato de 12 compassos para o Blues.
Johnson gravou apenas 29 músicas em um total de 42 faixas, em duas sessões de gravação em San Antonio, Texas, em novembro de 1936 e em Dallas, Texas, em Junho de 1937. Treze músicas foram gravadas duas vezes.


Em sua época Robert Johnson foi influência de alguns artistas de blues (Muddy Watters, entre outros) que por sua vez viriam a influenciar todos os artistas de rock que surgiriam na década de 50. Sua música foi novamente descoberta e gravada nos anos 60, sendo influência direta para bandas como Yardbirds, Cream, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who e inúmeros outros.
Em sua curta carreira profissional, de 1936 a 1938, Johnson não conseguiu em vida nenhum reconhecimento comercial, tocando apenas em prostíbulos e pequenos bares. Conseguiu, porém, reconhecimento de outros músicos, tendo recebido ainda em vida o título de "The King of the Delta Blues Singers".

Embora Johnson certamente não tenha inventado o blues, que já vinha sendo gravado 15 anos antes de suas gravações, seu trabalho modificou o estilo de execução, empregando mais técnica, riffs mais elaborados e maior ênfase no uso das cordas graves para criar um ritmo regular.
Suas principais influências foram Son House, Leroy Carr, Kokomo Arnold e Peetie Wheatstraw. Johnson tocou com o jovem Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson II (que afirma ter estado presente no dia do envenenamento de Johnson e ter alertado Johnson sobre a garrafa de whisky). Johnson influenciou Elmore James e Muddy Waters, e o blues elétrico de Chicago na década de 1950 foi criado em torno de seu estilo.
Em 1938 Johnson bebeu whisky envenenado com estricnina, supostamente preparado pelo marido ciumento de uma de suas amantes. Johnson se recuperou do envenenamento, mas contraiu pneumonia e morreu 3 dias depois, em 16 de Agosto de 1938, em Greenwood, Mississippi. Há várias versões populares para sua morte: que haveria morrido envenenado pelo whisky, que haveria morrido de sífilis e que havia sido assassinado com arma de fogo. Seu certificado de óbito cita apenas "No Doctor" (Sem Médico) como causa da morte.
Outra lenda diz que ele morreu de quatro uivando no corredor do hotel que ele estava.
Outro mito popular recorrente sugere que Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi em troca da proeza para tocar guitarra. Este mito foi difundido principalmente por Son House, e ganhou força devido às letras de algumas de suas músicas, como "Crossroads Blues" e “Me and The Devil Blues”.

No início da década de 90 a obra completa de Johnson foi remasterizada e lançada com grande repercussão mundial, tendo sido finalmente reconhecida sua grande influência na música contemporânea.
Paralelamente ao relançamento de sua obra foi gravado um filme com Ralph Machio (o garoto de Karate Kid). O filme trata-se de uma alegoria sobre a vida de Johnson, abordando principalmente o seu provável pacto com o demônio, e tem a participação especial de Steve Vai. O filme chamado “Crossroads” (no Brasil “A Encruzilhada”) trata-se de uma boa fonte de referência para aqueles que queiram saber um pouco mais sobre o mito Robert Johnson.

Confira alguns depoimentos de músicos famosos sobre Robert Johnson:




...to the magnificent Woody Guthrie and Robert Johnson who sparked it off.
BOB DYLAN

Robert Johnson to me is the most important blues musician who ever lived. His music remains the most powerful cry that I think you can find in the human voice, really. The only parallel in modern times is Jimi Hendrix.
ERIC CLAPTON

Somebody is going to get my record collection, whether it's my daughter or my son or both -- and they better know what they've got, 'cause Johnson is part of why their dad is what he is.
ROBERT PLANT

Robert Johnson showed us how really weighty subjectslike DEATH, and the DEVIL, can be expressed in a very interesting way in rock 'n' roll.
KEITH RICHARDS

When I first heard Robert Johnson I thought he was from outer space.
ROBERT CRAY

...Ravi Shankar and Robert Johnson are the only guitar players I listen to.
GEORGE HARRISON

Robert Johnson was able to play guitar like nobody else has been able to. Nobody can figure it out. All that stuff about him making a deal with the devil may be true, because nobody can play that way.
JOHN MELLENCAMP

Como não existe nenhuma gravação em vídeo de Robert Johnson, vou postar alguns videos de um grande fã dele: Eric Clapton. Ele chegou a gravar um disco de 14 músicas de Johnson chamado "Me And Mr. Johnson" (Reprise/WEA).

Eric Clapton - If I Had Possession Over Judgement day
Essa é uma interpretação do disco "Me And Mr. Johnson", que foi gravado com uma banda inteira, bem ao estilo do blues de Chicago. Muito boa a pegada de Clapton no slide.


Eric Clapton - Ramblin on my mind

Nessa música Clapton canta sozinho com o violão. Ele tem um porta retrato com a foto de Johnson em cima da mesinha.



Eric Clapton - Terraplane Blues

Aqui Eric Clapton parece encarnar Johnson. Sua voz fica muito parecida com a do mestre. Excelente interpretação. O cara que toca com ele manda muito bem também.


Eric Clapton - Stones in my Passway

Outra ótima interpretação de Eric Clapton. Dá pra ver ele tocando bem de perto e perceber quanto é difícil tocar Robert Johnson.

Depoimentos de algumas "feras" sobre o mito.

Downloads de albuns completos:

Robert Johnson - The Legendary Blues Singer

Robert Johnson - King of the Delta Blues Singer

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Fonte: 360Grauss

12 janeiro, 2007

Junior Wells

Junior Wells nasceu em Memphis, no Tennessee em 9 de dezembro de 1934. Ele se mudou para Chicago (como todo bom bluesman) em 1948 e aos 18 anos começou a ficar conhecido tocando sua gaita na banda de Muddy Waters. Anos depois em 1960 conheceu o guitarrista Buddy Guy, seu eterno parceiro. Sempre se vestiu com elegância, com ternos alinhados e chapéus.
Suas músicas mais memoráveis são "Messin' With the Kid" e "Little by Little". Seu melhor álbum é o "Hoodoo Man Blues" que transmite toda a atmosfera esfumaçada dos bares de blues de Chicago. Junior Wells também fez uma participação no filme "Blues Brothers 2000" (de 1998), continuação do "The Blues Brothers". O filme foi lançado menos de um mês depois de sua morte.
Fonte: Wikipédia



Junior Wells & Buddy Guy (with the Blues Breakers) - Don't Start Me Talkin
Essa música é tirada de um DVD do John Mayall. Ouvi pela primeira vez na casa do meu irmão. Muito bom esse DVD. O Junior Wells parece um maestro nessa música. A música original é do Sonny Boy Williamson.


Junior Wells - Messin' with the kid (feat. Buddy Guy)
Novamente em parceria com Buddy Guy. Essa música é uma das que eu mais gosto dele. Reparem na hora do solo de guitarra a dança de Junior Wells, no melhor estilo Black Music.


Junior Wells - Help Me
Show de 1978 no Montreux Jazz Fest. Outra música de Sonny Boy, muito bem interpretada por ele. E aquela jaqueta... estilo Junior Wells!

Muddy Waters

Nascido em 4 de abril de 1915, McKinley Morganfield ou Muddy Waters é considerado o pai do Blues de Chicago. Nascido em Rolling Fork, Mississippi, Waters começou a gravar em 1940. O nome artístico (em português, Águas Lamacentas) ele ganhou devido ao costume de quando criança brincar em um rio. A técnica de Waters é fortemente característica devido a seu uso da braçadeira na guitarra. Suas primeiras gravações pela Chess Records apresentavam Waters na guitarra e nos vocais apoiado por um violoncelo. Posteriormente, ele adicionaria uma seção rítmica e a gaita de Little Walter, inventando a formação clássica de Chicago blues.
Com sua voz profunda, rica, uma personalidade carismática e o apoio de excelentes músicos, Waters rapidamente tornou-se a figura mais famosa do Chicago Blues. Até mesmo B. B. King referiria-se a ele mais tarde como o “Chefe de Chicago”. Suas bandas eram um “quem é quem” dos músicos de Chicago blues: Little Walter, Big Walter Horton, James Cotton, Junior Wells, Willie Dixon, Otis Spann, Pinetop Perkins, Buddy Guy, e daí em diante.
As gravações de Waters do final dos anos 50 e começo dos 60 foram particularmente suas melhores. Muitas das músicas tocadas por ele tornaram-se sucesso: “I’ve Got My Mojo Working”, “Hoochie Coochie Man”, “She’s Nineteen Years Old” e “Rolling and Tumbling”, grandes clássicos que ganhariam versões de várias bandas dos estilos mais diversos.
Suas turnês pela Inglaterra no começo dos anos 60 marcaram provavelmente a primeira vez que uma banda pesada, amplificada, se apresentou por ali (certo crítico sentiu-se obrigado a sair de um show para escrever sua análise por achar que a banda tocava muito alto). As músicas de Waters inclusive exerceram grande influência nas bandas britânicas. O Rolling Stones tirou seu nome de “Rollin’ Stone”, de 1950, mais conhecida como “Catfish Blues”. Um dos maiores sucessos do Led Zeppelin, “Whole Lotta Love”, foi baseado em “You Need Love”, composta por Willie Dixon .
Muddy Waters morreu em Westmont, Illinois, aos 68 anos e está sepultado no Restvale Cemetery, Alsip, Illinois, perto de Chicago.
Fonte: Wikipédia


Muddy Waters - Got my Mojo Workin'
Muito legal a parte que ele canta: "Got my brrrrrrrr... working". O gaitista dá um show à parte.


Muddy Waters - Molde Festival Norway - 77
Muito boa essa música, mas não sei como se chama. O solinho clássico dele é executado pelo piano dessa vez.


Muddy Waters - Hoochie Coochie Man
O clássico maior. Buddy Guy na guitarra. Dispensa comentários.


Para download:


*Disco retirado do Muro do Classic Rock.

11 janeiro, 2007

Nasce o Blues Everyday

Nasce aqui mais um blog sobre blues, com a intenção de não ser só mais um. Desejo postar aqui informações sobre os grandes artistas do passado, desse estilo que revolucionou a maneira de se fazer música.
O nome Blues Everyday vem de uma música, que também dá nome a um disco da banda Sun Walk and the Dog Brothers de Ribeirão Preto -SP. Essa grande banda eu conheço desde meados de 97 quando ainda se chamavam Dogs on the Highway e tocavam em um evento que a rapaziada conhecia por "Festa do Cachorro Louco".
Ainda farei um post especial para eles, mas que quiser conhecer mais a respeito, acesse: www.sunwalk.com.br

The blues everyday, for everyone!!!

Sonny Boy Williamson

Sonny Boy Williamson II, também conhecido como Aleck "Rice" Miller foi um famoso gaitista que com sua técnica peculiar influenciou gerações de gaitistas, como Howlin' Wolf, James Cotton e Junior Wells. Nasceu em Glendora, no estado do Mississipi, um pequeno vilarejo no condado de Tallahatchie.
Tinha um programa na rádio KFFA de Helena, no Arkansas, que ia ao ar das 12:15 às 12h30 e foi exatamente nesse programa de Sonny Boy que B.B. King teve a primeira oportunidade de mostrar seu talento como bluesman.
Em 1962, Sonny Boy foi convidado a participar de uma turnê pela Europa chamada "American Negroes Blues Festival", permanecendo em Londres, devido ao seu grande sucesso. No ano seguinte, uma nova versão do festival aconteceu , desta vez com o nome de "American Folk Blues Festival", organizado por Willie Dixon. Seu sucesso era tanto que muitos grupos implorava
m para tocar ao seu lado, entre eles The Yardbirds de Eric Clapton e The Trinitys de Jimmy Page, Ciryl Davies, Chris Barber e Roland Kirk.
No dia 25 de maio de 1965, Sonny Boy Williamson foi encontrado morto em seu apartamento. Morria um mito, nascia uma lenda. A lenda de Sonny Boy Williamson. O rei da Harmônica.

Fonte: http://www.nanton.com.br/sonnyboy/index_sonny.htm


Para Download:

Sonny Boy Williamson - Nine Below Zero

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Fonte: 360Grauss




The Yardbirds & Sonny Boy Williamson


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Sonny Boy Williamson - In My Younger Days
Essa música é do DVD American Folk Blues Festival. Reparem na mesa atrás de Sonny. Cigarro queimando no cinzeiro e algumas garrafas. de whisky. This is the true blues!